Alta do PIB brasileiro pode elevar classificação de vizinhos

14/09/2010 10:12

O forte crescimento do Brasil esperado para este ano pode influenciar positivamente nas classificações de risco (ratings soberanos) de outros países da região no médio prazo. É o que afirma a Moody’s Investors Service em relatório divulgado ontem. “Se o desempenho econômico do Brasil se tornar ainda mais um motor regional ao longo dos próximos anos, os países vizinhos sentirão os efeitos positivos no fortalecimento de seus ratings soberanos”, afirma o analista Sergio Valderrama, autor do relatório.

Ainda que as economias latinas não sejam tão abertas e integradas regionalmente quanto seus pares da Ásia, disse Valderrama, isso está mudando gradualmente. A abertura de comércio na América Latina cresceu de cerca de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) no final dos anos 90 para 55% entre 2006 e 2009, o que ainda está abaixo dos 110% da Ásia. O PIB do Brasil de US$ 2,1 trilhões é maior que o PIB combinado de US$ 1,5 trilhão dos outros países da região, diz o relatório.

Os impactos diretos do Brasil em seus vizinhos incluem a maior troca de bens e serviços assim como os investimentos diretos, acrescenta o relatório, enquanto as influências indiretas incluem sentimento otimista dos mercados financeiros internacionais em relação à região e ao fato de o Brasil representar um modelo de boas políticas econômicas.

Forte avanço

De acordo com o relatório Focus, divulgado ontem pelo Banco Central (BC), a previsão dos consultados pela autoridade monetária subiu de expansão de 7,34% para 7,42%. A explicação para a mudança é de que o avanço de 1,2% da economia do segundo trimestre em comparação com os três primeiros meses deste ano e de 8,8% com relação ao mesmo período de 2009 influenciou na revisão de especialistas, segundo o analista da Tendências Consultoria, Bernardo Wjuniski.

Por conta desta alta do PIB, divulgada neste mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE), o analista informou que a Tendências também revisou de 6,6% para 7,2% a estimativa de crescimento da economia neste ano. Da mesma forma, revisou o economista-chefe do banco Schahin, Silvio Campos Neto, que aguarda alta de 7,3%, ante 6,6% previsto anteriormente. Já para 2011, não houve mudança e a expectativa continua em expansão de 4,5% há 40 semanas.

O economista-chefe do banco Schahin também afirma que dados anunciados em agosto apontam para uma intensificação da atividade econômica no último mês. “O bom ritmo da economia deve permanecer nos próximos meses, embora não deva causar necessidade de nova elevação de juros tão cedo”, entende. “Todavia, o ritmo de expansão do PIB deve se estabilizar em patamares compatíveis com o potencial, o que poderia evitar que ocorram novas medidas de contenção”, diz o economista, ao acrescentar que a ata do Copom divulgada na última quinta-feira, trouxe uma análise nesta linha. Ou seja, a expectativa de que inflação fique em torno da meta até o primeiro semestre de 2012, influencia na projeção de que não haverá novas altas da taxa básica de juros (Selic) no curto prazo.

Segundo o documento do BC, os analistas continuam a esperar que a taxa Selic termine o ano em 10,75% ao ano, o mesmo patamar atual, o que leva a considerar que não haveria novas altas até o final de 2010. Por outro lado, no próximo ano, eles acreditam que a taxa de juros feche em 11,75%, alta com relação ao previsto na semana passada que foi de 11,50% ao ano. O analista da Tendências comenta que já que o Copom não elevou a Selic, ele deverá fazer isso em 2011. “Projetamos que a taxa termine 2011 a 12,75%, isto porque a inflação tende a crescer. Este ano, ela deve ficar próximo do centro da meta (4,5%)”, diz. Para ele o IPCA deve terminar 2010 a 5%. O relatório Focus mostra que a previsão é de que o IPCA em 2010 fique em 4,97%, queda ante projeção anteriormente divulgada, de 5,07%.

A preocupação dos economistas também se estabelece com o forte aumento do fluxo de dólares ao País, seguida de diversas captações realizadas nos últimos dias, o que levou a cotação do dólar a se aproximar do patamar de R$ 1,70. A expectativa dos analistas consultados pelo BC para o fechamento do câmbio em 2010 passou de R$ 1,79 para R$ 1,77. Em 2011, a estimativa também apresentou queda de R$ 1,83 para R$ 1,81. O analista da Tendências entende que essas projeções tendem a revisar para baixo até o final do ano. Ele prevê que o câmbio termine a R$ 1,82 neste ano.

Fonte: DCI

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