19/03/2012 10:41
A renda média dos trabalhadores da região subiu 10,4% em 2011. O salto foi de R$ 1.532,02, em 2010, para R$ 1.692,29.
Esse ganho de poder de compra, no bolso, significa R$ 160,27 a mais. O valor pagaria 43% da cesta básica da região da semana passada, de R$ 370,76, preço apurado pelo Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André). E mostra que aumentou o espaço para que as famílias da classe média da região troquem a carne de frango pelas de primeira. Estudo da Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) revela que o consumidor brasileiro elevou a qualidade dos produtos que compra entre 2003 e 2009.
As informações sobre a renda bruta média são da mais recente pesquisa socioeconômica do Inpes-USCS (Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano), cedida com exclusividade à equipe do Diário. A coleta de dados é referente a agosto, no entanto os valores estão corrigidos monetariamente para fevereiro deste ano. O indicador de inflação utilizado para o ajuste é o IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), pois aponta a variação de preços da Capital e está bem próximo às características do Grande ABC.
EXPLICAÇÕES
O avanço da renda média foi impulsionado, em grande parte, pelos salários da indústria. O setor teve ganho real entre agosto, e o mesmo mês de 2010, de 15,3%. Em valores atuais, a expansão foi de R$ 1.753,36 para R$ 2021,93, alta de R$ 268,57.
“Entre 2010 e 2011, houve retomada da crise (financeira internacional, iniciada em 2008), que teve impacto retardado na indústria da região. O setor, após demissões, iniciou processo de recontratação. O aumento da oferta de emprego com a demanda reduzida de profissionais qualificados para as vagas gerou alta nos salários”, avaliou o coordenador o Inpes-USCS, Leandro Prearo.
Ele exemplificou o fenômeno com o setor da construção civil, cujos salários tiveram alta expansão pela falta de mão de obra qualificada na região. “Tanto que ouvimos histórias de empresas que importavam trabalhadores.” Na região, houve casos, exatamente em agosto, de agentes que roubavam operários na porta dos canteiros de obras para levar às empresas concorrentes pagando bem mais.
Prearo acrescentou que o incremento do salário-mínimo de 6,9%, entre 2010 (R$ 510) e 2011 (R$ 545), também contribuiu para elevar a renda média. “Os aumentos de renda provenientes do mercado informal são muito influenciados pela variação do mínimo nacional.”
Os serviços formam outro pilar de sustentação da alta média do rendimento bruto do trabalhador na região. O setor garantiu alta média de 7,7% na comparação anual, passando de R$ 1.473,65 para R$ 1.587,96.
Por outro lado, os comerciantes reduziram as folhas de pagamentos. A renda média dos contratados do comércio caiu de R$ 1.430,66 para R$ 1.285, decréscimo de 10%.
CLASSIFICAÇÃO
Para entrar no universo da pesquisa do Inpes-USCS, os trabalhadores devem informar rotina mínima de trabalho de dois dias por semana, por três meses. Abaixo deste valor, os resultados são considerados bicos, cujos rendimentos não entram na conta.
Mulher ganha quase a metade do salário dos homens
A diferença média entre as remunerações dos homens e das mulheres trabalhadores na região era de 91,4% em 2011. Enquanto os assalariados tinham rendimento médio de R$ 2137,49, em agosto, as mulheres recebiam, aproximadamente, R$ 1116.
Os resultados são corrigidos monetariamente até fevereiro. E são consideradas as remuneração dos moradores que declaram manter a ocupação principal da casa e estão em empregos formais ou informais.
O comércio é o responsável pela influência negativa na média do Grande ABC. Enquanto as mulheres recebiam R$ 732,59, os trabalhadores do setor ganhavam mais que o dobro, cerca de R$ 1.800, o que resulta em diferença de 145%. A indústria não fica tanto atrás e apresenta disparidade de 132% nas remunerações. E o setor de serviços, que paga melhor as mulheres, tinha diferença de 62%.
Pagamentos da indústria puxam o resultado do Grande ABC
A remuneração paga pela indústria, que impulsionou o resultado da região, é expressiva na relação entre as cidades, aponta o coordenador do Inpes-USCS, Leandro Prearo. Enquanto Santo André (R$ 1.947,15), São Bernardo (R$ 2.062,20) e São Caetano (R$ 2.184) lideram a lista de maiores salários dos trabalhadores no Grande ABC, impulsionados pela força do setor, as demais ficam bem abaixo em valores médios.
Ribeirão Pires apresentou o resultado mais próximo aos três primeiros municípios, com remuneração média bruta de R$ 1.380,58. Depois aparece Diadema, com R$ 1.228,93, Mauá, com R$ 1.173,01, e por fim Rio Grande da Serra, com R$ 1.170,71.
Os valores estão corrigidos monetariamente até fevereiro. As rendas são sobre os moradores que mantêm a ocupação principal dentro dos domicílios.
Fonte: Diário do Grande ABC