28/10/2008 15:39
Uma instituição que se tornou referência, por ser uma ferramenta de estímulo ao fortalecimento e à integração da economia regional, a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC completa hoje (27/10/2008) dez anos de fundação, com cerca 150 empresas atendidas em tempo integral.
A entidade, que realiza projetos para impulsionar a competitividade de cadeias produtivas na região, entre as quais empresas de autopeças, plástico e de tecnologia de informação, tem sua importância destacada por empresários, especialistas e autoridades.
“A Agência é um fator de contribuição indispensável para o crescimento do Grande ABC. Tem papel ligado diretamente à regionalidade, sendo a grande catalisadora do potencial econômico que envolve as sete cidades”, afirma o diretor-presidente da Agência, o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior.
Para o reitor da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Silvio Minciotti, que já foi secretário-executivo da entidade, esse é um instrumento de grande utilidade que ainda não foi suficientemente percebido pela sociedade e pelos próprios governantes locais.
“A instituição trabalha com escassez de recursos e, apesar disso, consegue fazer muitas coisas”, disse Minciotti, destacando atividades como o programa de APL (Arranjo Produtivo Local) – que apóia à cooperação entre pequenas indústrias – e o apoio a incubadoras de empresas inovadoras (que dá suporte técnico nos primeiros anos de existência de microempreendimentos).
“Faço um balanço bastante positivo”, afirma Jorge Rosa, ex-gerente da Petroquímica União e ex-diretor da instituição. Para ele, programas de qualificação e a mobilização para reinvidicar a diminuição de tributos do segmento petroquímico foram outras ações importantes da Agência.
Críticas
As associações comerciais da região, que são sócias-fundadoras da Agência, há quatro anos se desligaram da sociedade. “Na época, não se fazia nada”, afirma o presidente da Acisbec (associação de S.Bernardo), Valter Moura. Após mudanças na gestão, em que ganharam espaço as ações de fomento a empresas, houve o retorno dessas entidades.
Já as DRs (Diretorias Regionais) do Ciesp, que também já foram parceiras na entidade, não retornaram. Nesse caso, isso se deveu a motivos financeiros. “A Agência está indo muito bem. No entanto, há DRs que não têm condições de pagar a mensalidade”, disse o diretor do Ciesp de Santo André, Shotoku Yamamoto.
Agência foi criada em período de transição econômica
Inspirada na Agência de Desenvolvimento Sesto San Giovani, localizada na Itália, a Agência de Desenvolvimento do Grande ABC foi criada no dia 27 de outubro de 1998.
A idéia surgiu em um momento em que a matriz econômica da região – assim como a do modelo italiano – passava por uma forte mudança. Até então, o que a caracterizava como essencialmente industrial, passou a compartilhar espaço com a prestação de serviços, em virtude da crise asiática, no final dos anos 1990, que se refletiu pelo mundo todo.
A criação da Agência, portanto, nasceu de uma preocupação em reorganizar a economia do Grande ABC. Frente ao largo desemprego de profissionais da indústria, as associações comerciais e industriais da região, em parceria com o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e com o Sindicato dos Trabalhadores, ofereceram treinamento e orientação. O objetivo era reintegrar os trabalhadores oriundos do setor industrial, explica José Carlos Paim Vieira, que esteve à frente da Agência de 2000 a 2003. como secretário-executivo.
“Como eu sentia falta da participação das faculdades, passamos a organizar reuniões com as interessadas e a utilizar as empresas júnior de cada uma delas”, conta Paim. “Com a Universidade Metodista de São Paulo, por exemplo, os alunos do marketing desenvolviam a parte publicitária da agência we nós pagávamos, em troca do serviço, um valor simbólico”, prossegue,
Com a verba da iniciativa privada e o apoio das pefeituras municipais, com os quais a Agência buscou parceria, foi possível desenvolver as incubadoras e proporcionar a reciclagem dos profissionais desempregados. “Em Mauá, por exemplo, foi feito um planejamento físico e tecnológico. É a única na região que tem um espaço próprio para receber as micro e pequenas empresas que estão começando a ingressar no mercado”, finaliza.
Entidade oferece suporte externo às empresas
Da incubadora de Mauá, no Grande ABC, partiram exemplos de micro-empresas que hoje caminham ‘com suas próprias pernas” e, graças ao apoio da atuação da Agência de Desenvolvimento do Grande ABC em parceria com o Sebrae com as prefeituras locais, hoje se matêm no mercado em busca de consolidação e crescimento.
Um exemplo é a Induspral, microempresa de Sidnei Gationi, que produz suco de laranja há seis anos e meio. Antes sediada em Santo André, hoje está instalada em Poá, interior de São Paulo, devido a uma parceria com um espaço maior para produzir mais e ampliar a distribuição no mercado.
“Começamos em um fundo de quintal, onde ficamos por um ano e meio. Depois passamos três anos com a incubadora, sendo dois na estrutura deles e um externo”, conta Gationi.
“A Agência sempre nos dava um suporte externo, por exemplo, quando havia eventos que pudéssmos participar eles sempre nos avisavam e nos orientavam sobre como apresentar nosso produto”, continua.
Gationi também se lembra bem quando precisavam comprar uma máquina de pasteurização e quem ofereceu instrução foi a Agência. “Eles entraram em contato com o Banco do Brasil para verificar a melhor possibilidade de financiamento”.
Fonte: Diário do Grande ABC