A filial brasileira da General Motors será alocada na “Nova GM”, parte da montadora norte-americana que reunirá os ativos saudáveis no processo de reestruturação da matriz, que ontem anunciou concordata nos Estados Unidos. A informação foi dada nesta terça-feira pelo presidente da GM do Brasil e operações Mercosul, Jaime Ardila.
“O governo dos EUA será dono da ‘Nova GM’ e da GM do Brasil por um tempo”, afirmou Ardila a jornalistas na fábrica em São Caetano do Sul, no ABC paulista.
Segundo o executivo, os consumidores brasileiros não serão afetados pela concordata da GM norte-americana porque a filial no Brasil é “saudável”.
“Para o consumidor não muda nada. Não vamos tirar nenhum carro da linha e não vamos ter problemas com peças porque elas são todas feitas no Brasil”, disse.
Ele acrescentou que a montadora está sendo lucrativa em 2009, depois de ter registrado seu melhor ano em 2008.
“Nos primeiros cinco meses deste ano, nosso resultado foi até acima do esperado. O mercado está aquecido e não vemos perspectivas de mudança neste cenário”, afirmou.
Impacto da crise e relação com a Europa
Ardila afirmou que para a montadora no Brasil, o impacto mais pesado da crise é a queda de 55% nas exportações para a América Latina e África do Sul entre janeiro e maio deste ano em comparação com igual período de 2008.
“Isso foi efeito da crise. Mas não sentiremos efeitos vindos dos Estados Unidos e Europa porque não exportamos serviços para lá. Só vendemos serviços como tecnologia para carro flex e engenharia”, disse.
Nos últimos três anos, declarou ele, a GM do Brasil teve receita líquida com exportação de tecnologia de US$ 430 milhões. “Não importamos nada de tecnologia do exterior nesses últimos anos”, completou.
O executivo negou que a venda da Opel, braço europeu da GM, vá afetar os negócios da operação brasileira da montadora. Ele disse que as peças dos veículos brasileiros são produzidas no país e que a GM tem no Brasil um dos centros de tecnologia mais modernos do mundo, o qual permite independência em relação aos modelos projetados no exterior.
“A informação de que temos modelos iguais aos deles é errada. Para lá nós só exportamos tecnologia. O Meriva, por exemplo, foi inteiramente feito aqui e muita gente acredita que foi feito pela Opel. Não foi. Isso serve para mostrar que nossa produção não será afetada e que temos tudo que é preciso para fazermos nossos carros aqui”, disse.
Nem todos os especialistas do mercado automotivo concordam com a afirmação do executivo da GM.
“A GM Brasil é 99% dependente do desenvolvimento de produtos europeus”, afirmou em entrevista ao UOL o analista e vice-presidente da consultoria Kaiser Associates, David Wong.
“Ela precisa muito da base tecnológica da Opel, que é a filial europeia da GM. Com a venda da Opel, a GM americana terá que desenvolver muito mais a tecnologia da filial brasileira, além de fazer mudanças e adaptações para que ela consiga funcionar.”
Investimento mantido
Com relação a investimentos, Ardilla diz que o montante de US$ 2,5 bilhões programado para o período de 2007 a 2012 será mantido, dividido entre Brasil e Argentina. Desse valor, US$ 1,5 bilhão já foram aprovados e US$ 1 bilhão ainda será confirmado nas próximas semanas. O presidente disse que a empresa tem em caixa a quantia que falta para completar o valor planejado.
A respeito dos empregos na montadora brasileira, Ardila avisou que não tem interesse em fazer nenhuma mudança.
“Não estamos considerando mudar o nível atual. A empresa tem um acordo com o governo de manter os funcionários até o período de IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) reduzido, que termina no fim deste mês”, afirmou, sem dizer, no entanto, se a partir de julho estes funcionários serão dispensados caso não haja prorrogação da medida por parte do governo.
Fonte: UOL – Com informações da Reuters